Miranda do Corvo Vila

Miranda do Corvo é vila sede de concelho, pertencente ao distrito de Coimbra.

Tem uma área de 127,28 Km2, distribuída por cinco freguesias: Lamas, Miranda, Rio de Vide, Semide e Vila Nova, comportando uma população residente de cerca de 14000 habitantes. O concelho é delimitado pelos vizinhos concelhos de Vila Nova de Poiares, Lousã, Figueiró dos Vinhos, Penela, Condeixa-a-Nova e Coimbra.

A parte principal do concelho em área corresponde às freguesias de Miranda e Vila Nova, situadas quase na totalidade na extensa bacia fértil que vai da vila até ao sopé da serra que corre da Lousã para o Espinhal e que, no concelho, toma os nomes de Espinho e de Miranda; a parte norte é acidentada, e a serra de Semide, que vem do Ceira até à vila, abriga a União de freguesias de Semide e Rio de Vide. Pelo sul o concelho é delimitado pela serra e pelas ondulações irregulares que ligam com Penela. A parte poente é constituída pela freguesia de Lamas, formada por terras que lhe dão o nome e onde predomina o cultivo da vinha.

O Concelho é contemplado pelo rio Dueça nascido no de Penela, que corre sensivelmente no sentido Sul-Norte e que tem como principal afluente a ribeira do Alhêda, que atravessa a vila. Esta é atravessada pela estrada nº. 342 que, de Lamas, segue para a Lousã; e pela nº. 17-1 que vem de Semide em direcção ao Espinhal. É ainda a estrada nº.342 que faz ligação à A13 e à A1 através do nó de Lamas.

Mosteiro de Santa Maria de Semide | Santuário do Divino Senhor da Serra | Rio de Vide | Capela de Lamas | Capela Nossa Senhora da Piedade de Tábuas | Praça José Falcão

Economicamente assiste-se a um intensificar do sector terciário em desproveito do primário. A indústria tem alguns exemplos pujantes. A vila foi servida pela linha férrea do “Ramal da Lousã” até 2009, ano em que se iniciou o projecto de conversão do ramal num metropolitano de superfície, denominado Metro Mondego, tendo sido implementadas as infra-estruturas de apoio ao transporte rodoviário, que substituiu o transporte ferroviário até à actualidade.

História 

História

Com o castelo aparece o povoado que com o tempo e a influência, relacionada com a defesa militar, seria o centro que ligaria com Penela a sul, e se estenderia para nascente até Arouca e quase à margem esquerda do Alva, exercendo na região certa hegemonia que se foi mantendo.

No ano de 1116, o castelo de Miranda foi tomado pelos sarracenos, tendo havido muitas vítimas e sendo levados para o cativeiro um elevado número de habitantes, fruto do avanço muçulmano na linha fronteiriça do Mondego. Vinte anos depois – 19 de Novembro de 1136 – os habitantes de Miranda recebiam foral de D. Afonso Henriques; não directamente, mas nas pessoas do donatário Uzberto e de sua esposa Marina. Foi este foral depois confirmado por D. Afonso II.

CARTA DE FORAL 1136

O concelho abrangia então vasta área, que ia quase do Ceira, perto de Coimbra, até à ribeira de Alje, a sul das serras, compreendendo aproximadamente as actuais freguesias de Miranda, Lamas, Vila Nova e a perdida Campelo.

Actualmente o concelho é constituído por cinco freguesias e respectivos patronos: a do Salvador, na vila, que é a matriz; a do Espirito Santo de Lamas, anexa desde os tempos primitivos; a de S. João, de Vila Nova, criada à custa da matriz em 1905; a de Santiago de Rio de Vide, integrada no concelho em 1853; e a da Senhora da Assunção de Semide, integrada também naquele ano. Deixou de pertencer ao concelho a freguesia da Senhora da Graça, de Campelo, que passou para Figueiró dos Vinhos, nos começos do regime liberal.

Esteve a vila sob diversos senhorios como era costume na monarquia: encontrou-se no dos Coelhos até à subida do Mestre de Avis ao trono, em fins do séc. XIV. Passou depois aos Sousas de Arronches. Em 1611 foi criado o título de Conde de Miranda do Corvo, na pessoa de Henrique de Sousa Tavares, daquela Casa. O terceiro conde teve o título de Marquês de Arronches, pelo qual ficaram a ser mais conhecidos. Por casamento passou este senhorio à casa dos duques de Lafões.

Em fins do séc. XVIII havia na vila a família dos Vasconcelos e Silva; a dos Arnáos – ou Arnaut – ; e a dos Silvas, cujo último rebento, Joaquim Vitorino da Silva, veio a ser, no regime constitucional, o Barão de Miranda do Corvo.

A terceira invasão francesa trouxe novamente ao concelho algum protagonismo pela sua localização na linha estratégica de movimentação dos exércitos: parte do combate de Casal Novo, que decorreu na madrugada de 14 de Março de 1811, deu-se na freguesia de Lamas. As consequências da guerra foram grandes para a população pela carestia de géneros que sobreveio, pelos estragos materiais – Ney mandou incendiar a vila! - e pela grande epidemia que assolou as freguesias durante os meses seguintes.

Praça José Falcão

A Arquitectura Civil

O desaparecido Castelo: do cruzamento do vale do Dueça com a larga passagem ao longo da cordilheira, surgiu um ponto de apoio para a defesa de Coimbra, de que resultou a erecção de um castelo no cabeço que hoje domina a vila. Dele restam apenas a base da actual torre sineira e uma velha cisterna. No início do séc. XX ainda era possível vislumbrar as cantarias quinhentistas daquela torre que o tempo perpetuou.

Hipoteticamente, no início, este morro seria uma simples e elementar fortificação para aguentar, por este lado, o embate das correrias dos muçulmanos. Aproveitando os declives e aspereza do cabeço, formaria um conjunto de torres ligadas por cortinas. Depois, com a reconstrução de 1136, as muralhas teriam outra traça e seriam de alvenaria sólida. A porta principal de entrada seria, supostamente, ao cimo da calçada que sobe da vila; a igreja era então pequena, construída onde hoje está a capela-mor da actual, havendo assim espaço suficiente para uma pequena praça de armas.

A primeira referência que temos do castelo é a do assédio e tomada pelos muçulmanos em 1116. Neste ano, durante a regência de D. Teresa, perante a investida do forte exército muçulmano, o castelo foi a terra, a guarnição trucidada e a população local, como a da região, morta, escravizada ou dispersa. Foi pelos anos de 1136 que o primeiro rei de Portugal, com a noção clara dos seus planos, levantou naquele cabeço, então de certo solitário, as novas muralhas do castelo; e fazendo renascer o povoado, organizou politicamente a região dando-lhe foral naquele mesmo ano. É deste ano de 1136 que se pode contar a origem histórica da vila e do seu concelho.

Nas lutas entre D. Sancho I e Afonso III, Conde de Bolonha, apoiou aquele monarca. Em 1383, como estava dentro das muralhas João Afonso Telo, este abriu ao rei castelhano as suas portas. A construção foi-se arruinando com o passar dos séculos.

A última torre do castelo, desmorona-se a 7 de Maio de 1799; parte desta pedra foi aproveitada em 1803 na reconstrução da ponte do Corvo, sobre o Alhêda.

As ruas e as casas antigas: em Miranda do Corvo subsistem algumas casas centenárias pertencentes a famílias tradicionais, embora modificadas ou em ruínas. Na rua da Sra. da Conceição – provavelmente a mais antiga rua da vila -, entre a igreja da Sra. da Boa Morte e a Matriz, vê-se uma casa térrea e incaracterística, do séc. XIX, com um pequeno nicho e imagem daquela titular, que representa o Antigo Hospital de Nossa Senhora da Conceição.

Quer o Hospital da Sra. da Conceição, quer a albergaria inclusa, foram fundados certamente no segundo quartel do séc. XVI. Estas duas instituições nasceram de iniciativa particular. Tiveram como corpo directivo a Confraria Leiga da Sra. do Rosário que deveria andar dentro da influência da Casa de Arronches.

Quanto à albergaria, Miranda era atravessada por uma estrada que vinha dos altos de Chão de Lamas – onde cruzava com a estrada Coimbra-Podentes – e seguia para a Lousã, juntando-se na vizinha povoação do Corvo, com a estrada real que, vinda de Lisboa, atravessava o concelho desde a Sandoeira ao Padrão e seguia por Foz de Arouce para a Mucela e daqui para a Beira Alta. Miranda era pois ponto de passagem forçada da Estremadura para a Beira.

Do Hospital subsistem mais elementos pois esses viajantes vinham muitas vezes doentes e o obituário da freguesia dá conta dos muitos que não resistiram, sendo depois enterrados no adro em frente à actual Boa Morte. Crava-se aqui na frontaria da casa beneficente.

Descrição Heráldica

Armas

De ouro, com uma torre de vermelho, aberta e iluminada do campo e carregada ao centro por um busto de carnação, vestido de prata.

A torre, acompanhada por duas estrelas de vermelho de oito raios. No contrachefe, três faixas ondadas, duas de azul e uma de prata, que sustêm a torre. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com os dizeres “Vila de Miranda do Corvo”.

Selo

Circular, tendo ao centro as peças das armas sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres ”Câmara Municipal de Miranda do Corvo “.

Bandeira

Vermelha, cordões e borlas de ouro e de vermelho. Lança e haste dourada.

Brasão da Vila de Miranda do Corvo

texto escrito ao abrigo da antiga ortografia

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