Observando os Rios de Ilhabela Relatório 2015 Instituto Ilhabela Sustentável

O projeto Observando os Rios de Ilhabela é promovido pelo Instituto Ilhabela Sustentável e integra a Rede das Águas, programa de mobilização e monitoramento dos recursos hídricos da Fundação SOS Mata Atlântica, que se dedica a promover a mobilização social para a gestão participativa e integrada entre água e florestas, por meio da disseminação de metodologias, promoção da educação ambiental e influência em políticas públicas.

O objetivo principal do projeto é sensibilizar e conscientizar sobre uso racional da água e da importância de elaborar e cumprir políticas públicas de preservação e de direitos de acesso ao saneamento básico.

Córregos Monitorados

Em 2015, o projeto iniciou monitorando 10 córregos e encerrou o ano com um total de 13 córregos, sendo eles: Córrego Paquera (Galera), Ribeirão Água Branca, Córrego Camarão, Córrego Paquera (Fórum), Córrego Cachoeira (Vila), Córrego do Itaguaçu/Itaquanduba, Córrego do Sino, Córrego da Armação, Córrego Curral (Sul - Badito), Córrego da Feiticeira, Córrego do Veloso, Córrego Ribeirão (Curral), Córrego Curral (Norte).

Metodologia de Análise

O projeto consiste em (a) coleta das amostras, (b) análise da água e (c) registro e análise de dados complementares.

As coletas de amostra de água nos pontos de monitoramento, são mensais, sempre na última semana do mês. No local de coleta, a temperatura ambiente, da água e o oxigênio dissolvido, são medidos in loco, anotado também as condições climáticas, data, hora e o grupo participante. São registrados, também in loco, parâmetros visuais, sendo a presença de espumas, lixo, e peixes, além do odor. Após as anotações e medições iniciais, com auxílio de um coletor, é retirada uma amostra do córrego, armazenada em uma garrafa plástica e acondicionada em uma caixa térmica. Após a coleta, são realizadas análises da água utilizando dos kits de análise. afere-se o Potencial Hidrogeniônico (pH), Nitrato, Fosfato e a presença ou não de coliformes fecais.

Desenvolvido especialmente para a SOS Mata Atlântica, este kit possibilita avaliar até 16 parâmetros, como oxigênio dissolvido, fósforo, pH, dentre outros, por fim os resultados são inseridos em uma plataforma online, integrando a Rede das Águas. De forma a complementar os dados, são registrados a balneabilidade das praias adjacentes aos córregos e pluviometria do município.

As coletas e análises são realizadas pela equipe do Instituto Ilhabela Sustentável e alunos do ensino médio e fundamental, das escolas municipais, estaduais e particulares de Ilhabela. Desta forma, buscamos promover a educação e participação cidadã para as questões municipais e importância dos recursos naturais.

Palestras e atividades realizadas

Em 2015, foram realizadas diversas palestras sobre Saneamento e Qualidade da Água de Ilhabela, Bacia Hidrográfica e Preservação dos Recursos Hídricos. O público alvo foram alunos da rede municipal, estadual e escola particular do município.

Buscando promover um debate sobre o assunto, o documentário A Lei da Água - O Novo Código Florestal foi exibido, contando com a presença de técnicos e especialistas da área que formaram uma mesa para debater o tema com o público presente.

O projeto também foi exposto no XIII Diálogo Interbacias de Educação Ambiental em Recursos Hídricos, que aconteceu de 1 a 3 de setembro de 2015 na cidade de São Pedro/SP. Participaram do evento representantes de diversos Comitês de Bacias do Estado de São Paulo que expuseram, no formato de painel, trabalhos e práticas de educação ambiental realizadas em suas bacias.

Qualidade da Água dos Córregos Monitorados em 2015

A qualidade da água esteve regular na maior parte do tempo (88%). Não houve nenhum córrego que apresentou o IQA ótimo, apenas 10% das amostras estiveram com a qualidade boa e 2% apresentaram situação ruim.

A partir do mês de maio contatou-se que houve melhora da qualidade da água, evidenciando que na baixa temporada, onde substancialmente o número de pessoas na cidade diminui, ocorre melhoria em função da diminuição do volume de esgoto gerado. Observa-se também que o Córrego Paquera (Fórum) apresentou cerca de 40% de qualidade boa, sendo que seus efluentes apresentaram na maioria das análises qualidade regular e ruim, indicando a depuração dos poluentes lançados nos córregos em função do aumento do volume de água. O aumento do oxigênio dissolvido em função do aumento da vazão eleva a capacidade de depuração da matéria orgânica.

Destacamos o córrego do Itaquanduba, que no mês de abril foi classificado como ruim, sendo o único córrego que obteve essa classificação no monitoramento do primeiro semestre. Este resultado, possivelmente esteja relacionado com a ocupação desordenada existente no bairro, bem como, devido a ocorrência de chuvas que acabam carreando esgoto ao curso d´água por extravasamento de fossas e falta de drenagem das ruas.

Segundo dados da CETESB (2014) apresentados no último Relatório de Situação dos Recursos Hídricos do Litoral Norte, elaborado pelo Comitê de Bacias Hidrográficas do LN, o município de Ilhabela coleta 23% do esgoto e apenas 4% do que é coletado recebe tratamento.

Ainda o esgoto coletado pela concessionária (SABESP) passa apenas por pré-tratamento e é lançado no mar através de um emissário submarino, localizado entre as praias de Itaquanduba e Itaguaçu.

No Relatório de Qualidade ambiental/Zona Costeira Paulista do Governo do Estado de São Paulo, técnicos da CETESB consideram a disposição oceânica dos efluentes domésticos por meio da operação de emissários submarinos, como tendo eficiência nula em relação a remoção de DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), e ainda destacam que impactos ambientais que podem decorrer de sua operação, como o aumento da matéria orgânica e a contaminação microbiológica nos pontos de lançamento.

Balneabilidade das praias de Ilhabela

No Canal de São Sebastião, grande parte do esgoto coletado pela concessionária Sabesp é lançado ao mar através de emissários submarinos sem o tratamento adequado, apenas com tratamento preliminar. Esta água poluída chega ao mar tornando as praias impróprias para o uso, condição indicada pela bandeira vermelha da Cetesb, que significa a perda da balneabilidade.

Observa-se que nos 3 primeiros meses do ano, a maioria das praias estiveram impróprias e única praia que permaneceu própria para o banho ao longo do ano foi a do Curral.

As praias que apresentaram a pior balneabilidade são as praias do Itaguaçu e Itaquanduba que ficaram 50% e 38% do tempo, respectivamente, impróprias. Ressalta-se que ambas são adjacentes ao emissário submarino.

O gráfico a seguir, representa o tempo em que a praia esteve com bandeira verde ou vermelha, em relação ao período de janeiro à dezembro de 2015.

Considerações Finais

O projeto Observando os Rios é realizado em nível nacional por outras entidades parceiras da SOS Mata Atlântica. Atualmente são analisados 111 rios no país, sendo 301 pontos de coletas em 6 estados. Em 2015 foi divulgado relatório da SOS Mata Atlântica, onde no Estado de São Paulo, apenas 4,3% das amostras registraram qualidade boa, 52,1% foram avaliados como regular, 39,3% foram avaliados em situação ruim e 4,3% péssima.

Em Ilhabela, apesar de a situação estar melhor que a média do estado, apenas 10% das amostras registraram qualidade boa, 88% foram avaliados como regular, 2% foram avaliados como ruim e nenhuma das amostras foi classificada como péssima.

Estes indicadores reforçam a necessidade de mais investimentos em saneamento básico. Os rios classificados como ruins e péssimos não podem ser utilizados para abastecimento humano e nem para produção de alimentos.

Para que nossos córregos e praias estejam limpos e adequados para o seu uso e consumo, será necessário:

a) ampliar os investimentos em saneamento básico em Ilhabela, ampliando a coleta e especialmente tratando adequadamente o esgoto antes do lançamento no mar;

b) estabelecer um plano de regularização fundiária com cronogramas e metas factíveis, visando possibilitar a implantação de infraestrutura sanitária em todo o meio urbano do município, atingindo a almejada universalização dos serviços de saneamento;

c) definir políticas públicas consistentes, de modo a garantir a ligação de todos os imóveis à rede pública de esgotos sanitários;

d) acompanhar o funcionamento dos emissários submarinos, no que concerne ao monitoramento periódico realizado pelo responsável por sua operação.

Salientamos que todas estas ações de saneamento estão previstas no Plano Municipal de Saneamento de Ilhabela, aprovado em 2013, e que infelizmente não estão sendo colocadas em prática. Para mais informações sobre o Plano acesse: http://www.ilhabela.sp.gov.br/cbds-ilhabela/wp-content/uploads/2015/10/plano-municipal-de-saneamento-de-ilhabela.pdf

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