Imensidão azul Livro reúne fotos subaquáticas de cinco oceanos: de baleias gigantes a cavalos-marinhos pigmeus

O fotógrafo e oceanógrafo Marcelo Skaf já ficou quatro meses vivendo em um barco atravessando o Atlântico, deu a volta ao mundo em 90 dias e explorou os cinco oceanos do planeta. Mergulhador desde os 15 anos, ele foi um dos fundadores do Instituto Baleia Jubarte e, durante três anos, diretor do Parque Nacional Marinho de Abrolhos. Com milhares de cliques de cenas subaquáticas, ele selecionou 130 para compor o livro “Pelos mares do mundo”, que acaba de ser lançado pela editora Batel. Entre eles, está a deste peixão olhando para as lentes do fotógrafo que abre esta reportagem. A cena mostra uma raia-jamanta, fotografada por Skaf na Ilha Socorro, em Revillagigedo, no México. O oceanógrafo explica que as manchas negras são únicas em cada animal e podem ser catalogadas pelos cientistas, ajudando a entender a biologia da espécie.

Mas não são somente fotos subaquáticas que compõem o livro. Skaf sempre esteve interessado nas interações entre a paisagem dentro e fora d’água e sobre como o ambiente aquático se relaciona com o terrestre. Acima, por exemplo, vê-se a ave marinha chamada fragata ou tesourão. A foto é de um macho na época reprodutiva com o papo inflado para atrair as fêmeas.

"O mundo que margeia os oceanos está diretamente conectado à vida submarina", afirma Skaf

.Ao fundo, lírio-do-mar, com os braços ou “pernas” num vermelho vivo que se destaca no recife de coral. A foto foi tirada em Papua-Nova Guiné, na Oceania.

A lista de dificuldades para conseguir fotografar em áreas remotas é extensa, afirma o fotógrafo. Elas vão desde se aventurar por ilhas muito distantes do continente, driblando o pouco conhecimento sobre as faunas marinha e terrestre destas regiões remotas, à ausência de água doce e comida. As imagens de Skaf registram paisagens, bem como a vida de mamíferos marinhos e peixes raríssimos. No livro, estão gigantescas Jubartes, mas tambem um cavalo-marinho pigmeu, de apenas 3 milímetros.

Ao fundo, a foto é de um simpático baiacu de espinhos, que acompanhou o oceanógrafo durante todo o mergulho, realizado na República Dominicana, em 2005.

Ele me Acompanhou o tempo todo e mereceu ganhar este retrato 3x4", brinca o fotógrafo

Acima, tentáculos de uma anêmona-do-mar. As cores quase fluorescentes são indescritíveis. A foto foi tirada em Grand Cayman, em 2004.

Dupla de Skaf em diversas expedições nos últimos 22 anos, o mergulhador, documentarista e apresentador de TV Lawrence Wahba, referência em documentários sobre natureza, assina o prefácio de "Pelos Mares do Mundo". Ele foi o grande incentivador para a publicação do livro. “Eu sempre me perguntei por que Skaf demorou tanto para lançar um livro. Em várias ocasiões, cheguei a pressioná-lo para isso e a resposta vinha sempre com um sorriso e a frase: estou trabalhando nisso”, conta Wahba.

Na foto ao fundo, mãe e filhote de baleia Jubarte. Ela se destaca pelo tamanho da nadadeira peitoral. Quando adultas, essas baleias chegam a medir cerca de 15 metros de comprimento e a pesar 40 toneladas. A cena foi retratada em Silver Bank, na República Dominicana. Acima, tubarões nadam na Polinésia Francesa.

Existem mais de 400 espécies de tubarões. A maioria são peixes tranquilos e tímidos, diferentemente de como eles figuram no imaginário popular. Esses animais correm risco pela ação predatória do homem e têm de ser conservados", diz o fotógrafo

As imagens que figuram no livro são todas inéditas e fruto de uma bagagem de mais de 3 mil mergulhos. O livro revela paisagens de Moçambique, da África do Sul, da Nova Zelândia, do Mar Vermelho, de Papua-Nova Guiné, das Ilhas Canárias, de Fernando de Noronha, do arquipélago de Abrolhos, do Caribe, da República Dominicana, da Antártida e até mesmo do Ártico. Da África do Sul, impressiona o clique de um tubarão-branco, realizado em 1998. Quando adulto, ele pode chegar a mais de 6 metros de comprimento e seus dentes podem ter 8 cm de altura. O livro, lançado no dia 9 de dezembro, custa R$ 80 e pode ser adquirido pelo site da editora Batel.

Ao fundo, ouriço que se destaca por ter espinhos grossos e cores marcantes. Acima, braço de lírio-do-mar, em espiral. O lírio-do-mar é um primo da estrela-do-mar. As pequenas cerdas são utilizadas para capturar alimento e levá-lo até a boca do animal. As fotos foram tiradas no Mar Vermelho.

Ao fundo, golfinhos rotadores nadam em Fernando de Noronha. Lá, eles podem atingir até 2 metros e pesar cerca de 75 quilos. Acima, camarão-limpador pintado de anêmona, que utiliza a própria anêmona como moradia, obtendo proteção e fornecendo limpeza numa relação de simbiose. A foto foi feita em Bonaire, ilha situada ao longo da costa da Venezuela.

Acima, detalhe da textura da nadadeira peitoral de um peixe recifal de Abrolhos. Ao fundo, cardume de cavalinhas filtrando a água para comer plâncton - pequenos animais muitas vezes não visíveis a olho nu, como larvas de peixes. A cena foi retratada no Mar Vermelho.

Ao fundo, cavalo-marinho pigmeu, descoberto em 1998 e descrito apenas em 2003. Vive apenas em alguns tipos de gorgônia, entre 20 e 90 metros de profundidade. A foto foi feita em Papua-Nova Guiné, na Oceania. Não adianta que você não conseguirá vê-los. Eles são minúsculos e medem apenas 3 milímetros. Acima, vê-se a ponta final do braço de uma estrela-do-mar. Os espinhos espalhados pelo corpo na cor laranja são característicos das estrelas e ouriços. Cena capturada em Galápagos, no Equador.

Marcelo Skaf

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