Arte +Ambiente Jason deCaires Taylor e as esculturas que preservam o planeta

Enquanto os quase 200 chefes de Estado de todo o planeta discutem medidas para frear o aquecimento global na COP21, em Paris, o escultor Jason deCaires Taylor tenta chamar a atenção para o tema por meio de sua arte. Desde ontem, sua instalação The Rising Tide está exposta na entrada do Projeto Éden, jardim botânico que abriga a maior estufa do mundo, em Cornwall, no Reino Unido. As esculturas da obra – composta por quatro cavaleiros – representam os quatro cavaleiros do Apocalipse e têm o objetivo de denunciar o uso demasiado dos combustívies fósseis. O artista inglês tornou-se mundialmente conhecido por ter criado o primeiro museu submerso do mundo em Cancún (veja as fotos abaixo), no México, às vésperas da COP 16, que ocorreu em 2010 naquela cidade.

Enquanto os corpos das figuras humanas e dos cavalos da instalação The Rising Tide foram moldados a partir de pessoas e animais reais, as cabeças dos cavalos foram substituídas por bombas de poços petrolíferos. A obra foi originalmente criada para o Totally Thames Festival e ficou até setembro no Rio Tâmisa, próxima ao Parlamento. Ela só ficava visível em dois momentos do dia devido ao movimento das marés.

OS HOMENS DE TERNO, SENTADOS EM SEUS CAVALOS, SÃO AMBIVALENTES. ESTÃO EXPLORANDO O MÁXIMO DO SOLO, IGNORANDO O RESTO DO MUNDO, ENQUANTO A ÁGUA OS FAZ SUBMERGIR - Jason decaires Taylor

Essa foi a explicação para a obra dada por Taylor ao jornal "The Guardian", por ocasião da inauguração do festival Totally Thames. Os cavaleiros de meia-idade, completou o artista, são uma referência direta aos políticos e homens de negócio. Mas há também na instalação dois jovens cavaleiros que representariam a esperança de que mudanças podem ocorrer. As quatro esculturas, cada uma pesando oito toneladas, foram levadas de guindaste até a entrada do Projeto Éden, onde ontem começou o Festival da Esperança, com debates e shows, a propósito da COP21. A instalação ficará ali até fevereiro.

Post no perfil de Jason deCaires Taylor no Facebook mostra a instalação na entrada do Projeto Éden, em Cornwall
O artista em seu ateliê

Taylor cresceu na Europa e na Ásia, onde passou a maior parte de sua infância explorando os recifes de corais da Malásia. Formado no London Institute of Arts, ele também é professor de mergulho e fotógrafo especializado em imagens submersas. Foi juntanto essas habilidades que ele criou, em 2006, o primeiro parque de esculturas submarinas do mundo, em Grenada, no Caribe, considerado como uma das 25 Maravilhas do Mundo pela revista "National Geographic". Na sequência, em 2009, ele co-fundou o MUSA (Museu de Arte Subaquático), com uma coleção de mais de 500 esculturas, submerso ao largo da costa de Cancún, no México.

As esculturas são feitas com um tipo especial de cimento marinho, que tem um pH neutro e é muito mais resistente que o cimento normal. Taylor fixa nelas extratos de corais vivos, uma técnica que estimula o crescimento da flora. A ideia é regenerar a vida marinha por meio de sua arte. “Meu objetivo é criar um gigantesco recife artificial que se torne o novo habitat de milhares de espécies marinhas”, afirmou ele à epoca do lançamento do Musa.

Com a técnica utilizada, os detalhes das feições desaparecem muito rapidamente devido ao crescimento dos corais. Entretanto, as formas humanas poderão ser vistas por um longo tempo. Na foto maior, a instalação "Vicissitudes", na ilha de Grenada, no Caribe. "Elas mudam a cada dia, estão em permanente transformação.

No museu submerso de Cancún, a biomassa de corais aumentou 12% entre 2009 e 2013. Já o número de crustáceos, peixes e algas cresceu entre 59% e 65%. O próximo projeto de Taylor será um museu subaquático em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, na Espanha. O artista define sua obra como um paradoxo da criação, construída para ser assimilada pelo oceano e que transforma objetos inertes em recifes de corais. Com sua arte, Taylor pretende mostrar que a intervenção humana pode ser positiva.

Uma vez finalizadas, as esculturas submergem a uma profundidade entre 12 e 15 metros para permitir a visitação de mergulhadores de todos os níveis. Em Lanzarote, a instalação se chamará "A balsa de Lampedusa". A ideia de Taylor foi abordar o problema da imigração a partir de uma interpretação da tela "La Balsa de Medusa", pintada por Théodore Gericáult, em 1819. "A magnitude das perdas humanas e a criminal negligência dos responsáveis pelas embarcações são um escândalo", afirmou o artista ao jornal espanhol "ABC", em outubro.

À esquerda, a próxima instalação de Taylor a ser submersa, em Lanzarote, na Espanha. À direita, tela de Théodore Gericáult, de 1819, na qual se inspirou 
Fotos: divulgação

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